Boa noite Amados, tudo bem?
Muito tenho sido questionado acerca da “rotina” de um Cms de voo, como funciona a escala de voo, programações, dia a dia de trabalho e etc.
Hoje trataremos um pouco do dia a dia de um Cms, desde sua chegada ao D.O para o voo ao termino da viagem na base. Reconhecimento da tripulação, briefing, chegada à Aeronave, procedimentos pé voo, decolagem, pouso, pernoite, volta para casa.
Tudo começa quando chegamos ao D.O, Despacho operacional para iniciar uma programação de voo. O primeiro passo é passar no Fala Comissário que é um setor onde tiramos dúvidas, nos atualizamos de procedimentos novos e assinamos documentos quando necessário. Daí quando o relógio marca uma hora para a partida do voo fazemos o check - in eletrônico nos computadores específicos, imprimimos uma cópia da escala, consultamos os dados da tripulação para aquele voo e “zaas”, é hora de encontrar os colegas de programação.
Geralmente esta fase ocorre por senioridade, os tripulantes mais novos vão ao encontro dos mais antigos e todos se dirigem ao Comandante do voo, que fará um briefing com toda a tripulação para passar informações importantes sobre toda a programação daquela equipe de voo.
Nesta etapa os pilotos tratam de assuntos inerentes á meteorologia, procedimentos, restrições na rota quando existirem, é também nesse momento que se define quais posições cada Cms ocupará a bordo, 1R, que pousa e decola na estação dianteira e auxilia diretamente o CHC nos procedimentos de embarque e comunicação com a cabine de comando, 2L ou “Passarela”, que ocupa um assento na estação traseira e além de ser responsável pela cabine de pax durante o embarque, auxilia o 2R ou “Galley” que por sua vez pousa e decola na estação traseira de comissários e é responsável por receber e organizar os itens do serviço de bordo e Alimentação da tripulação.
Cumpridos os protocolos formais, é hora de ir para o avião. Ao chegar no portão de embarque ficamos sabendo quantos pax teremos para aquela etapa bem como as prioridades a bordo, casos especiais caso haja. Ao adentrar na Aeronave cada tripulante se dirige para sua estação e realiza o check de segurança dos equipamentos de emergência, sua localização, integridade, quantidade, isto garante que os mesmos estão operantes e funcionais.
A partir daí cada um passa o “OK” se sua estação para o CHC que informará ao comandante que o embarque já pode ser liberado. Então começam a chegar os clientes marcados no voo, os comissários da estação dianteira os recepcionam e auxiliam no que for necessário, dúvidas quanto a assentos, bagagens de mão, informações do voo, o mesmo faz o passarela que nesse momento está na metade da cabine “briefando” os clientes que estão com assento marcado nas saídas de emergência quanto a sua operação, restrições para sua ocupação etc. Este ritual se repete até que o aviso de embarque encerrado seja dado.
Portas fechadas, é hora de fazer a Demonstração dos equipamentos de emergência aos passageiros e esclarecer possíveis dúvidas quanto ao uso das máscaras, coletes e cintos de segurança. Após a demonstração repete se a parte em que todos passam cabine OK para o CHC que informa a cabine de comando que já podem decolar o avião.
Após cruzar dez mil pés os avisos luminosos de atar cintos se apagam, este é o sinal de que já é seguro para os Cms se levantarem e começarem o serviço de bordo. Nesse momento se iniciam os trabalhos, servir a refeição dos pilotos, serviço de passageiros, speeches de ações promocionais, documentação no caso de voos internacionais, e é claro, comer porque ninguém e de ferro.
Antes do pouso se repetem os procedimentos de segurança, check de cabine etc. Após o corte dos motores as portas são abertas e inicia se o processo de desembarque dos clientes. Quando o último passageiro sai a tripulação comercial faz a arrumação da cabine com o auxílio da equipe de limpeza de solo, pois a aeronave precisa ficar limpa para receber os outros clientes.
Ao desembarcar, todos os tripulantes seguem até o lado de fora do aeroporto onde pegamos a van para o hotel. Essa é uma das melhores partes, o pernoite. Em alguns casos a entrada na van da se por senioridade, primeiro o comandante, depois o copiloto e depois os Cms, na maioria das vezes o cavalheirismo dos rapazes fala mais alto, então alguém dá a mão para as meninas entrarem uma por uma na van e depois todos se acomodam.
Ao chegar no hotel não é diferente, primeiro os homens descem e então auxiliam as damas na descida da van e por fim nos dirigimos à recepção para fazer os procedimentos de check in retirada das chaves dos apartamentos.
O pernoite no hotel resume se em pôr o uniforme para lavar, em alguns casos, sair para jantar com a tripulação ou pelo menos algum dos membros desta e descansar. Em alguns pernoites ficamos inativos por um, dois ou mais dias em determinada cidade, aí é que colocamos em pratica a tão famosa expressão “conhecer lugares e pessoas” passeios, culturas, festas etc.
O voo de volta acontece da mesma forma que o de ida. Todos se apresentam na recepção do hotel em horário marcado para embarque na van e saem em direção ao aeroporto. Mesmos procedimentos, protocolos, a menos que algo ocorra fora do normal, em nada difere. Ao desembarcar de volta na base é de praxe que o comandante faça um debriefing com toda a tripulação, nesse momento são feitos os agradecimentos, são pontuados, se necessários pontos relevantes da operação durante a viagem, todos se cumprimentam, se despedem e até um próximo voo.
Queridos, chegamos ao fim de mais um post. Espero que tenham gostado, tentei trazer de forma bem resumida como ocorre o dia a dia de um comissário de voo, vale lembrar que levei em consideração que tudo ocorresse de forma perfeita e sem contratempos. Se uma situação anormal ocorre, tudo muda e a tripulação deve estar preparada para lidar com o acontecimento. Voar exige muita responsabilidade, consciência situacional em alta e muita paixão por servir e lidar com pessoas.
Bons voos a todos e Até mais.
