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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Um dia das mães diferente

     Senhoras e senhores, amantes da aviação e seguidores do nosso blog, sejam muito bem vindos a mais uma postagem. Hoje vou contar a vocês um acontecimento de mais ou menos uns 3 anos mas que marcou minha vida e gostaria de compartilhar aqui para que sirva de inspiração, e os incentive a ajudar o próximo sempre que puderam. Talvez não pareça mas isto faz bem para a alma. Sem mais delongas, senta aí é pega sua tigela de peixe frito com farinha que lá vem história.
     O ano era 2016, domingo dia 8 de maio, dia das mães. Já era tarde quando pousei no aeroporto de Congonhas e como de costume,  ao desembarcar passei no mc Donald's para pegar algo para comer pois o voo havia sido bem corrido e nao havera comido no aviao.
     Estava na fila aguardando meu pedido quando apareceu um rapaz, ele estava sujo, com roupas visivelmente gastas e com olhar abatido. Apesar da pessima aparencia, me pareceu ser uma boa pessoa, ele muito autêntico e  bastante comunicativo  Logo se apresentou e pediu algo para comer pois estivera na rua desde cedo e como a noite estava fria recorreu ao aeroporto para se abrigar e tentar comer algo pois a fome era grande. Logo pedi a ele q escolhesse algo do cardápio e que se sentasse à mesa comigo para comermos juntos.
     Enquanto seu lanche ficava pronto trocamos algumas palavras e ele me contou um pouco de sua vida. Ele se chamava Marcelo, tinha 17 anos e viera de uma pequena cidade do interior da Bahia chamada Nazaré das Farinhas ainda muito pequeno com sua família para tentar a vida na capital paulista. Tudo corria bem, ele estudava, seu pai trabalhava na construção civil e sua mãe, dedicava o tempo à casa e a cuidar da família, porém seu pai foi acometido de um acidente no trabalho e faleceu quando ele ainda tinha 8 anos.
     Durante algum tempo sua mãe conseguiu tocar o barco e vivendo de alguns bicos que fazia como costureira e diarista garantia moradia, escola e alimentação para si e para Marcelo, porém as dificuldades foram se amontoado, dívidas, trabalho cada vez mais escasso e ambos acabaram sendo despejados do kit net onde moravam no Capão redondo e Sem saída, foram parar na rua.
     Passaram então a viver de esmolas e ajuda de pessoas que passavam por ali onde estavam abarracados em baixo de  um viaduto nas proximidades do aeroporto de Congonhas. Ele me relatou queja estavam há 8 ou 9 anos nessa situação, vez ou outra arranjava alguns trocados limpando vidros dos carros no sinal ou mesmo reparando os veículos q estacionaram nas ruas ali perto. Me contou que na maioria dos dias dormiam com fome pois nem todas as vezes conseguia alguma comida pelo aeroporto.
     Marcelo dizia que seu maior desejo era de poder retornar para sua cidade, levar sua mãe de volta para casa e receber o apoio dos familiares que deixaram para trás. Devido à distância e às dificuldades já não tinham mais nenhum contato com seus parentes, realmente a vida desse casal estava bastante complicada em São Paulo. De repente toca a campainha e ele sorriu, era seu mc lanche ficando pronto, perguntei então se sua mãe tinha o que comer e ele meio envergonhado disse q não. Me perguntou se eu não poderia comprar algo para que ele levasse a ela, e claro, me prontifiquei a ajudar.
     Retornamos ao caixa e ele pediu mais um sanduíche e umas batatas fritas. Ao receber o segundo pedido ele me agradeceu e com um sorriso no rosto se despediu, foi então que ele parou e começou a enrolar tudo em guardanapos e por em sacolas separadas com muito zelo e cuidado. Ao ver aquela cena a atendente da loja o questionou sobreo que estava fazendo, e ele com os olhos cheios de lágrimas disse q estava embrulhandonpara que aparecesse um presente pois já que não podia dar nada a sua mãe, levaria aquele jantar e a entregaria como um presente do dia das mães.
     Ah meus amigos, há essa altura já estava todo mundo em lágrimas ali. As três moças do MC, eu, os outros clientes que comiam e mais o segurança q passava por ali e presenciou esse ato de generosidade do rapaz. Marcelo então pegou seus lanches e foi embora.
     Dias se passaram, e eu fiquei com aquele episódio em minha mente, senti que eu deveria de alguma forma ajudar aquele menino a voltar para casa, para os seus e sair daquela v8da de miséria que estava vivendo. Por várias vezes retornei ao aeroporto a noite em busca de reencontra lo mas sem sucesso, ele simplesmente sumiu dali. Apos alguns meses, la estava eu no MC donalds do aeroporto, foi entao que lembrei da moça que me atendeu naquele dia e perguntei a ela se tinha alguma notícia do jovem Marcelo, seu paradeiro, se ainda estava pelas redondezas e o que ela me contou me chocou ainda mais.
     Aquele jovem havia perdido sua mãe em um atropelamento ao pedir por ajuda em um cruzamento de uma via movimentada da capital. Desolado se entregou as drogas, começou a praticar pequenos furtos na região e desde então não aparecera  mais por ali.
     Durante muito tempo fiquei com aquilo martelando em minha mente. De certa forma me sentia culpado por não te lo ajudado quando pude, e quando me manifestei já era tarde demais. Aquele rapaz não saia de minha cabeça um só instante. Orei muito por ele, pedi a Deus que cuidasse dele por onde estivesse, guiasse seus passos e que o ajudasse a vencer nas lutas que a vida o impunha.
     O tempo passou e um dia ao parar em um dos caixas eletrônicos do aeroporto me deparei com a atendente do fast  food que me abordou e logo perguntou se eu me recordava de sua pessoa. Se identificou e me disse que tinha uma boa notícia, fiquei meio pasmo pois jamais esperava alguma boa notícia daquela moça, nós não éramos amigos, nem sequer nos falávamos.
     Foi então que ela me contou que o Jovem Marcelo havia aparecido pelo aeroporto recentemente. Após o envolvimento com as drogas alguém lhe este deu a mão,  ele foi para uma clínica de reabilitação, passou aproximadamente um ano por lá e nesse período conseguiram localizar sua família no interior da Bahia. Ele então recebeu alta do tratamento, e teve uma segunda chance, teve a oportunidade de retornar para sua cidade natal, para perto dos seus familiares. Como relatei anteriormente aquele jovem tinha um coração bom, e antes de ir embora passou pelo aeroporto para agradecer as moças do M'C que durante um bom tempo o ajudavam, sempre q possível lhe davam algo para comer e por vezes lhe deram roupas e agasalho para que se abrigasse do frio.
     Fiquei emocionado e muito feliz por saber que aquele rapaz conseguiu ajuda, conseguiu voltar a vida após o destino cruel e covardemente ter lhe tirado pai e mae de maneira dolorosa, não tenho dúvidas que Deus em sua bondade ouviu minhas preces e estendeu a mão para Marcelo é lhe fez renascer para a vida. Gostaria de ter feito mais por ele, mas me sinto hoje de consciência tranquila em saber que agora ele está bem e com certeza não passará mais por tanto sofrimento e dor.
     A lição que fica é a seguinte; Ajude a quem precisa, estenda sua mão ao próximo sempre que possível. As vezes fazemos pouco caso, simplesmente ignoramos, achamos que não temos obrigação alguma com quem nos pede ajuda. Saiba que ao ajudar a quem precisa, você ganha uma estrela no céu, Deus fica feliz, e com certeza não irá deixar lhe faltar nada na vida. Ame, viva, seja mais humano. Não sabemos se um dia precisaremos de ajuda dos outros.
     Fiquem na paz, boa semana a todos e até o próximo post.